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20 de Março - Mês Dedicado a São José

Adoração dos pastores.
Circuncisão do Menino Deus e o
Santíssimo Nome de Jesus que São José lhe pôs.
Adoração dos Magos.
Apresentação no templo

FONTE 

            Diz o Evangelista São Lucas que naquela hora, em que Jesus nascera, que foi à meia noite de 25 de Dezembro, estavam os pastores vigiando o seu gado, em um lugar distante de Belém, mil passos para o Oriente, recolhidos da chuva em um edifício abandonado, chamado Torre Ader ou de Rebanho, e, chegando a eles o Anjo Gabriel, cercando-os de claridade extraordinária, lhes anunciou o Mistério do nascimento de Cristo. Eles, admirados da novidade, partiram a toda pressa para verem aquele prodígio e, entrando na gruta onde estava o Menino, se prostraram por terra, com grande humildade e reverência, e adoraram o Salvador, o Messias prometido, oferecendo-lhe seus rústicos holocaustos, louvando a Sagrada Virgem e a seu Santíssimo Esposo pelo que acabavam de presenciar e voltaram para seus campos, glorificando a Deus pelo que tinham visto.
            No oitavo dia depois de nascido Cristo, diz São Lucas que chegara o tempo de ser circuncidado o Menino. Quis o divino Verbo conformar-se com os mais homens, sujeitando-se a este preceito da Lei, que o não obrigava, não só por ser Deus, e como tal superior a todas as leis, mas por não ser concebido segundo os demais homens; porém sujeitou-se a ela para começar logo a derramar sangue pelos homens; para que não tivesse escusa a incredulidade dos judeus; para provar que era da descendência de Abraão; para não se singularizar; e por outras causas.
            Para a operação deste Sacramento da lei antiga não havia Ministro determinado; o mesmo pai e mãe podiam ser os executores. Assim foi São José que praticou a circuncisão do Menino Deus, dando-lhe o nome de Jesus.
            Daqui se deduzem três excelências de São José: ser substituto do Pai Eterno em tudo, que não é geração; ter dado o nome a Jesus; e ser o primeiro que o nomeou juntamente com a Virgem Maria.
            Verdadeiramente, se tanta consolação e tanto alívio sente a nossa alma cada vez que proferimos com a boca este suavíssimo e dulcíssimo Nome, que suavidade e júbilo experimentaria São José a primeira vez que o pronunciou?
            Oh! Como se arrebataria em doce contemplação, penetrando as altíssimas maravilhas do Nome sobre todo nome onipotente, amável e virtuosíssimo! Oh! Como o repetiria mil vezes prostrado com reverência por terra, e com ele sua Santíssima Esposa!
            Louvado seja eternamente o admirável nome de Jesus, que, com tanta glória de São José, e com tanta utilidade para o mundo, quis o Altíssimo que fosse o nosso Santo quem nos ensinasse a pronunciar, invocar e suplicar Nome tão soberano em cuja doce pronunciação está virtualmente depositada toda a nossa luz, medicina e salvação; e assim como o abecedário, que só tem 25 letras, encerra em si todos os livros, que se tem escrito, e hão de escrever-se até o fim do mundo, assim, nestas cinco letras de Jesus, se compreendem todos os mistérios dos outros nomes de Deus.
            O lugar em que se fez esta cerimônia da lei foi na Gruta do nascimento e não no Templo de Jerusalém, como indicam alguns pintores, pois a Santíssima Virgem não saiu de Belém antes do dia da sua Purificação.
            Três Régulos ou Potentados gentílicos, a que a Escritura dá o título de Magos, dedicados ao estudo da astronomia, em que eram insignes, habitando na parte da Arábia, que fica entre a Mesopotâmia e a Palestina, admirados de uma nova estrela, que observaram no Oriente, e entendendo, ou porque Deus lho revelou, ou pela profecia de Balaão, ser aquele o sinal de haver nascido o verdadeiro Rei dos judeus, se dispuseram a vir adorá-lo com grande aparato e trem de camelos e dromedários. Partiram de suas terras, levando sempre diante dos olhos, como farol, o resplendor da estrela, que os guiava, e, chegando a Jerusalém, ali souberam dos Sacerdotes que em Belém havia de nascer o Messias segundo profetizara Miquéias; e, continuando logo a sua derrota por direção luminosa da mesma estrela, deixando assustado Herodes e toda a sua corte, chegaram finalmente ao lugar, onde estava o Salvador do Mundo, que era na gruta o Presépio onde havia nascido, e ali, com profunda humildade, mais prostrados que de joelhos, adoraram a Deus Menino, treze dias depois do seu nascimento.
            Como o Evangelista São Mateus diz que os Magos entraram na casa, e não na gruta, pensam alguns que São José, depois do desafogo da cidade pela retirada dos que vieram inscrever seus nomes em obediência ao Edito, melhorara de habitação, porém os historiadores eclesiásticos dizem que todos aqueles quarenta dias, entre o Santíssimo Parto e a Purificação, não se afastara a Virgem e seu Santíssimo Esposo da gruta, onde o Menino nascera, por entender que aquele humilde tugúrio, que Deus havia escolhido e consagrado com o seu nascimento, se avantajara incomparavelmente aos maiores palácios dos reis.
            Não diz o Evangelho se assistira São José a esta adoração dos Magos, antes do seu silêncio se deve supor a ausência, talvez motivada para que os Magos, que sabiam que o Messias nasceria de uma Virgem, não se escandalizassem com a presença de seu suposto Esposo, sem poder aprofundar no mistério da concepção da Virgem.
            Depois dos felicíssimos Santos Magos adorarem reverentemente ao Filho de Deus, ofereceram-lhe seus tesouros que tinham mística significação: incenso, por ser Deus, ouro por ser Rei e mirra por ser homem. São José dera ao Menino o incenso, à Virgem o ouro e para si escolhera a mirra.
            É de crer que os Magos tivessem recebido em recompensa da Virgem Maria maravilhosas coisas do céu.
            Passados quarenta dias depois do nascimento de Cristo, levaram os Santíssimos Esposos o Menino Jesus ao Templo de Jerusalém, para o oferecer ao Senhor, segundo mandava a lei da Purificação do Levítico, e nesta jornada é crível que iriam sumamente alegres José e Maria não só por ser a primeira vez que levavam em público ao Rei da Glória para ser no mundo conhecido por suas criaturas, mas por irem oferecer ao Pai Eterno a Hóstia viva de seu Unigênito humanado. E como levariam alternadamente em seus braços São José e a Virgem aquela doce prenda, de valor inestimável! Que suave se lhes faria aquela carga amorosa, que sustenta todo o peso do universo! Em que altíssimas contemplações se empregariam por todo o espaço de duas léguas, que distava Jerusalém da cidade de Belém!
            Assim que entraram no Templo, ofereceu Maria Santíssima o Menino ao Sacerdote, e o glorioso São José, acomodando-se à lei dos pobres, ofereceu um par de pombinhos ou de rolas.
            A lei de Moisés mandava também que os ricos, quando se tratasse de menino, sacrificasse a Deus um cordeiro manso e, como os Santos Esposos tinham repartido pelos pobres o ouro, que os Magos lhes deram, é possível que não tivessem os meios de comprar o cordeiro; mas de qualquer modo era oferecido o Cordeiro místico e o verdadeiro que foi o mesmo Cristo.
            Também era lei particular que os primogênitos, não sendo filhos de Levitas, fossem redimidos por cinco ciclos e, posto que o Evangelho guarde nisto silêncio, é sem dúvida que os Santíssimos Pais resgataram com os cinco ciclos a seu Filho Jesus Cristo, como dizem os Expositores, do que resulta uma grande glória a Maria e a São José, Esposos puríssimos, pois mereceram deste modo redimir a seu mesmo Redentor, em cuja ação não só se viu verificada a significação do glorioso nome de José, que na língua hebraica significa Salvador, mas nobremente desempenhado na oferta dos cinco ciclos, que o nosso Santo satisfez no Templo para remir ao Redentor do mundo, que depois o resgatou com as suas preciosíssimas cinco chagas.
            O Sumo Sacerdote, que era o velho Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, ao receber o Menino em seus braços, foi-lhe revelado ser aquele o Redentor de Israel, a quem esperava ver antes de sua morte. Devotamente o beijou e abençoou, entoando o misterioso cântico: “Nunc dimittes...”; e, entregando aquela estimadíssima prenda do Pai Eterno a Virgem Puríssima, sua Mãe, lhe profetizou a dor tão penetrante, como de espada aguda, que havia de transpassar sua alma na Paixão de seu Filho, anunciando-lhe também o remédio, que ele vinha trazer com a redenção do mundo.
            Destes afetos participou igualmente São José; ele e a Virgem, recebendo do Sacerdote a benção, e ficando reconhecidos por pais de Jesus Cristo, se retiraram do Templo.

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A vida de São José pela Associação de Adoração Contínua a Jesus Sacramentado - Livraria Francisco Alves. 1927