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4o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

A Natividade da Santíssima Virgem
ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Alegremo-nos e saudemos jubilosos o berço de Maria. O nascimento de nossa Mãe e Soberana faz a alegria do Céu, a consolação da terra, e o terror do inferno. Eis que aparece a mulher forte, a Mãe predestinada do Messias.
O lugar e as circunstâncias de seu nascimento são desconhecidos, mas é de crer que tenha nascido na pobreza, como seu divino Filho, e em Jerusalém. Sant’Ana e São Joaquim eram pobres, e viviam do dízimo do Templo, como pertencentes à família levítica. Maria porém, nasce com a auréola de grandezas que ultrapassam todas as riquezas das filhas deste
mundo.

II. Maria possui todas as dignidades humanas; nasce filha, irmã e herdeira dos Reis de Judá. O Verbo quer que sua Mãe pertença à estirpe real; quer, segundo a carne, ser irmão de reis, afim de mostrar sensivelmente que d'Ele procede toda a realeza; por isso, os próprios reis virão adorá-LO como a seu Senhor e soberano dominador. Sua Mãe é portanto, rainha. É verdade que, assim como seu Filho será um rei sem domínio terrestre, sem riquezas, nem exércitos, Ela também será pobre e desconhecida; tudo isto não constitui a realeza, mas somente o seu esplendor; o direito subsiste ainda mesmo quando não é reconhecido. Aliás, dia virá em que a realeza de Maria, bem como a de seu Filho, há de ser proclamada e honrada: a Igreja a saudará como sua Rainha, a Rainha do céu e da terra. Salve Regina! O anjo anunciara: "Dabit illi sedem David patris ejus". — (Luc. I, 32). O Senhor restituirá a vosso Filho, ó Maria, o trono de David seu pai. Mas será preciso reconquistá-lo por meio do combate da humildade, da pobreza e do sofrimento.

III. Maria possui todas as grandezas sobrenaturais. A grandeza sobrenatural é o reflexo de Deus sobre uma criatura que Ele associa ao seu poder e à sua glória. Ora, o que faz Deus por Maria? Quis associá-la ao seu grandioso e divino mistério; o Pai lhe dá o nome de filha, o Filho A venera como sua Mãe, e o Espírito Santo A protege como sua Esposa. Maria foi chamada a cooperar nas grandes obras da omnipotência divina, e foi associada ao império do próprio Deus. Contemplai-A, pois, nesse belo dia do seu nascimento! Vede-A, com São João, revestida de sol — "amicta sole", provinda de Deus e resplandecente dos fulgores divinos; está, por assim dizer, invadida pelos raios da Divindade, semelhante a um cristal puríssimo penetrado completamente pelo sol. E a lua, sob os seus pés, significa que o seu poder é inabalável, que a Virgem Santíssima desafia a inconstância, tendo vencido, para sempre, o dragão infernal. Sua fronte está cingida por um diadema de doze estrelas que representam as graças e virtudes de todos ou eleitos. Maria é como que o centro da criação; Jesus colocou em suas mãos todos os meios da Redenção; e os santos formam a sua coroa, porque todos são obras de seu amor e de seu patrocínio.

IV.   Maria nasce com todas as grandezas pessoais. Fora enobrecida com os dons de Deus. mas isso não basta; ao nascer, ostenta a riqueza de méritos pessoais; possui tesouros infinitos de merecimentos adquiridos durante os nove meses de adoração silenciosa e ininterrupta no seio materno, onde, penetrada pela luz divina, se entregou inteiramente a Deus, consagrando-Lhe um amor de que não podemos fazer a menor ideia.   Nasce, pois, com os tesouros que conquistou, e com as riquezas que agenciou.  Oh! se tivéssemos podido presenciar espiritualmente o nascimento de Maria, contemplar este sol no momento em que surgiu no oceano do amor de Deus!  Em sua inteligência, a mais pura luz; em seu coração, o mais ardente amor; em sua vontade, a mais completa dedicação; jamais criatura alguma teve igual nascimento.
Assim, no seu pequenino berço, é objeto das complacências da Santíssima Trindade e da admiração dos anjos! Quem é esta criatura privilegiada, perguntam eles entre si, rica de tantas virtudes e cumulada de tamanha glória desde o alvorecer da vida? Quae est ista?
E os demônios estremecem; veem-na adiantar-se para eles, forte como um exército em ordem de batalha; pressentem a humilhação da derrota de seu chefe, antevendo a guerra implacável que lhes fará essa recém-nascida: Sicut acies ordinata...
O mundo, porém, rejubila.  Vemos chegar nossa libertadora; seu nascimento nos anuncia o nascimento de nosso Salvador.  Oh! sim, alegremo-nos: "Nativitas tua gaudium annuntiavit universo mundo." (Sacr. Liturg. in fest.).
E nós, adoradores, devemos nos regozijar porque Maria nos traz o nosso Pão de vida, e, desde esse dia, cumpre-nos saudá-lA como a aurora da Eucaristia, porque sabemos que é d'Ela que o Senhor há de tomar a substância do corpo e do sangue, que nos será dada em alimento no Mistério de Seu amor.

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São Pedro de Verona e os maniqueus

   Um rico e fervoroso católico do território de Milão costumava oferecer hospitalidade a São Pedro de Verona em suas viagens apostólicas. Certa noite, Pedro chega exausto de fadiga; seu amigo, sempre tão respeitoso e solícito, limita-se apenas a lhe abrir a porta. Como explicar semelhante transformação?... No correr da palestra, se desvenda o segredo. Um herege maniqueu, em visita ao bom hospedeiro, lhe exprobara a hospitalidade que oferecia ao "inimigo da verdade", dizendo-lhe ainda: "Vem, e te mostrarei a Santa Virgem, que há de te falar melhor". Vencido pela curiosidade, acompanhou o seu interlocutor à assembleia dos maniqueus. Uma senhora, refulgente de luz, apareceu sobre o altar, com o seu filho nos braços: "Meu filho, disse ela, estás vivendo no erro, a verdade está aqui e não com os católicos; é a própria Mãe de Jesus que assim te fala". Convencido, o infeliz se tornara maniqueu.
   "Ide avisar ao homem que vos falou, que eu também me tornarei maniqueu se ele me mostrar a Santa Virgem", disse Pedro. O hoteleiro se apressou em dar a notícia ao seu novo amigo, que o recebeu com alegria. Pedro passou a noite em oração. Pela manhã, ao celebrar a Santa Missa, encerrou uma hóstia consagrada em um pequeno cibório portátil, que colocou respeitosamente sobre o peito. Assim limado, dirigiu-se à assembleia dos maniqueus. O sectário que desempenhava o papel de médium fez aparecer sobre o altar a refulgente senhora, que lançou em rosto do visitante sua ignorância da verdade. Pedro, então, elevando a Hóstia santa, exclamou: "Se és verdadeiramente a Mãe de Deus, adora o teu Filho!" A estas palavras, o fantasma se desfez em nuvem de fumaça negra, deixando a sala impregnada de um mau cheiro horrível. O demônio fugira à vista do seu Senhor.
(Os Milagres históricos do Santíssimo Sacramento).

PRÁTICA — Oferecer a Deus pelas Mãos do Maria os frutos do Santo Sacrifício da Missa.

JACULATÓRIA — Nós vos saudamos, ó Maria, que nos trazeis, de tão longe, o nosso Pão de vida, a Divina Hóstia!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962