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12o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Jesus Apresentado no Templo por Maria
(Luc. II, 22.)


ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Nosso Senhor não quer tardar em se oferecer publicamente a seu Pai; quarenta dias após seu nascimento, inspira à sua Mãe que O conduza ao Templo. Maria leva seu filhinho nos braços; vai oferecê-LO ao seu Pai, e resgatá-LO por duas pombinhas; Jesus quis que o seu resgate fosse feito com estas avezinhas, que nos manifestam sua pureza e simplicidade.
Grande mistério vai se realizar então. As alegrias e a felicidade da Ssma. Virgem vão terminar nesse dia. Ouvi as palavras do ancião eleito por Deus; "Este Menino será como um sinal de contradição, para a ruína e a ressurreição de muitos; e a vós, ó Mãe, uma espada de dor vos traspassará a alma."
Porque resolve a Ssma. Trindade, um Deus tão bondoso, revelar um mistério de tanta amargura a essa jovem mãe de quinze anos, ainda inebriada com as alegrias do nascimento de seu Filho? Maria sai pela primeira vez e é logo informada do gênero de morte reservado a seu Filho querido. Oh! Seu coração tudo compreende, e desde esse dia, tanto no Egito como em Nazaré, onde quer que Jesus esteja, o Calvário se apresenta a Maria; vê continuamente o seu Filho crucificado.   É que, em geral, quando a alma não é forte na virtude, Deus a deixa dormitar numa espécie de segurança, porém quando encontra uma alma ardorosa, se apressa em crucificá-la para que resplandeça nela a sua glória: o amor refulge no sofrimento. E Maria o aceita. Desde esse momento o tema de seus colóquios com Jesus é o Calvário, a sua Paixão, a sua Morte; a sua alma tem bastante força sobrenatural para suportar um Calvário de trinta e três anos! Compreende-se bem toda a amargura que encerram estas palavras: "Uma espada de dor traspassará vossa alma." E vão se revelando a Maria os mais pequeninos detalhes dos sofrimentos de seu Filho; seu pensamento se fixa neles, e assim, a partir desse dia, se torna a Rainha dos mártires.

II. Qual o fruto que devemos colher deste mistério da Apresentação de Jesus por Maria? — Que não havemos de nos consagrar ao serviço de Deus somente para gozar, para fruir consolações e desfrutar um sossego e tranquilidade inalteráveis. É verdade que Jesus disse: "Tomai o meu jugo, que é suave, e meu fardo leve"; mas Ele disse também: “Aquele que não tomar a sua cruz todos os dias e não me seguir, não é digno de mim.”
Que fazer, então? Oferecermo-nos em união com Maria, nossa Mãe, consagrarmo-nos a Deus aceitando todas as cruzes, penas e sofrimentos que Ele se dignar enviar-nos. Quando a alma se entrega ao serviço de Deus recebe, nos primeiros tempos, consolações, e experimenta doçuras sensíveis. Há muitas almas que, desgostosas do mundo, onde encontraram somente decepções, abraçam a vida de piedade em procura de paz e de consolação; nada mais desejam no serviço de Deus, porém O servem somente enquanto as favorece com essas divinas suavidades. Quando Ele se esconde e quer substituir por um alimento mais forte esse pão de crianças, essas almas se perturbam, esmorecem, e se deixam dominar pelos escrúpulos; e assim, torturam a imaginação querendo conhecer o motivo do que supõem ser um castigo; pensam que suas confissões não foram sinceras, que fizeram Comunhões mal feitas, e tudo isso com o fim de encontrar em si a causa dessa mudança. E não a podendo descobrir, desanimam, e, finalmente, abandonam os exercícios de piedade.
É certo que não devemos desdenhar as consolações divinas. Quando Deus no-las enviar, consideremo-nos ditosos em recebê-las; porém não as procuremos com afã, pois as doçuras, as graças sensíveis, passam; somente Jesus permanece para sempre. Muitos santos foram favorecidos por Deus com doçuras, êxtases e raptos, porém, quanto sofreram! O Senhor lhes concedia tais favores de quando em quando como recompensa de suas cruzes e como um incentivo para sofrerem ainda mais por seu amor. É pelo sofrimento que nos santificamos; é pela cruz e pelas provações que a alma se fortalece, desprendendo-se de si mesma; então, não mais procura o seu próprio prazer no serviço de Deus mas unicamente Deus, e Deus só.
Eis a lição que se depreende do mistério da Purificação de Maria e da Apresentação de Jesus no Templo. Procuremos pô-la em prática, se nos queremos tornar dignos da augusta Vítima que contemplamos incessantemente no Santíssimo Sacramento, e de sua divina Mãe, que com tanta generosidade nô-la ofereceu!

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A milagrosa dedicação do Santuário de Nossa Senhora dos Eremitas

Em setembro de 948, o abade de Einsiedeln, Eberhard, pediu a São Conrado, Bispo de Constância, a cuja diocese pertencia Einsiedeln, que se dignasse fazer a consagração da Igreja de sua abadia. O Prelado, atendendo a solicitação, dirigiu-se ao Convento em 13 de setembro, acompanhado do santo bispo de Augsbourg, Ulric, e de uma comissão de cavalheiros da sociedade. No dia seguinte, fixado para a cerimônia, São Conrado e alguns religiosos se dirigiram à Igreja, alta noite, e se puseram em oração. De repente, viram que a Igreja se iluminara de uma luz celeste, e que o próprio Jesus Cristo, acolitado pelos quatro evangelistas, celebrava no altar o ofício da Dedicação. Anjos esparziam perfumes à direita e à esquerda do Divino Pontífice; o apóstolo São Pedro e o papa São Gregório seguravam as insígnias do pontificado; e diante do altar se achava a santa Mãe de Deus, circundada de uma auréola de glória. Um coro de anjos, regido pelo arcanjo São Miguel, fazia vibrar as abóbadas do templo com seus cantos celestiais; Santo Estevão e São Lourenço, os mais ilustres mártires diáconos, desempenhavam as suas funções. São Conrado refere em uma de suas obras as diversas exclamações dos anjos no canto do Sanctus, do Agnus Dei e do Dominus Vobiscum final. Ao Sanctus, entre outras, diziam eles; "Tende piedade de nós, ó Deus, cuja santidade refulge no santuário da Virgem gloriosa. Bendito seja o Filho de Maria, que vem a esse lugar para reinar eternamente!"
Embora maravilhado com semelhante aparição, o Bispo continuou a rezar até onze horas do dia. E o povo esperava com ansiedade o início da cerimônia, sem que, no entanto, alguém ousasse indagar a causa dessa demora.
Afinal, alguns religiosos se acercam do Prelado e lhe pedem que comece a solenidade. Mas Conrado, sem deixar o lugar onde rezava, conta com simplicidade tudo o que presenciara e ouvira. Sua narração fez supor que ele estivesse sob a ilusão de um sonho. Finalmente, o santo Bispo, cedendo às instâncias de todos, dispôs-se a proceder a consagração da Igreja. Foi então que aos ouvidos do fiéis ecoaram estas palavras, pronunciadas por uma voz estranha, que repercutiu em toda a assembleia, dizendo mais de uma vez, na linguagem da Igreja: "Cessa, cessa, frater! Capella divinitas consecrata est: Detende-vos, detende-vos, meu irmão, a capela já foi divinamente consagrada."
Dezesseis anos mais tarde, São Conrado, Santo Ulrico e outras testemunhas oculares do acontecimento, encontrando-se reunidos em Roma, prestaram acerca dele um solene testemunho. E depois de todas as necessárias informações jurídicas. Leão VIII deu publicidade ao fato por meio de uma bula especial, que foi confirmada pelos papas Inocêncio IV, Martinho V, Nicolau IV, Eugênio VI, Nicolau V, Pio II, Júlio II, Leão X, Pio IV, Gregório XIII, Clemente VII e Urbano VIII. E, a 15 de maio de 1793, Pio VI ratificou os atos de seus predecessores, a despeito dos céticos, sempre prontos a duvidar do que lhes não convém, e cheios de credulidade absurda para com o que os lisonjeia.
(Descrição do Convento e da abadia de Einsiedeln).

PRÁTICA — Em união com Maria, nos oferecermos a Jesus, Vítima de amor em nossos altares, para tudo quanto Ele desejar de nós.

JACULATÓRIA — Sede bendita, ó Maria! Vinha fecunda que nos deu o Vinho Eucarístico!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962