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15o. Dia - Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento

Maria depois da Ressurreição



ORAÇÃO PREPARATÓRIA PARA TODOS OS DIAS

V).   Vinde, ó Espírito Santo, Enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V).   Enviai, Senhor, o vosso espírito e tudo será criado.
R).   E renovareis a face da terra.
Oremos — Deus, que instruístes os corações de vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, concedei-nos por esse mesmo Espírito o conhecimento e o amor da justiça e fazei com que Ele nos encha sempre de suas divinas graças, pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
R). Amen.
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I. Maria tendo sofrido em união com seu divino Filho agonizante na Cruz, participou do seu gozo e felicidade depois da Ressurreição. A vida de Maria sempre acompanhou a de Jesus, reproduzindo-a fielmente.
Para quem foi a primeira visita de Jesus ressuscitado? Certamente para sua Mãe; era muito justo que tendo Ela partilhado mais do que outra qualquer pessoa as amarguras da Paixão, recebesse a primeira notícia, a primeira graça e a primeira alegria da Ressurreição, Assim, apenas saído do sepulcro, Nosso Senhor vai visitá-la, glorioso e triunfante. Ao separar-se de sua Mãe, Jesus a deixara mergulhada em pranto; agora vem inundá-la de gozo. Que momento para a Santíssima Virgem, esse em que Jesus ressuscitado A abraça, com todo o respeito e amor que Ela merece! Quem poderá imaginar o que se passou nesse feliz encontro?! A Sagrada Escritura nada nos diz a respeito, mas podemos conjecturar as coisas mais sublimes. Que gloriosa recepção na pequenina cela de Maria! Somente a contemplação do amor nos poderá reproduzir o que se passou aí.
Sem dúvida, Jesus se manifestou à sua Mãe em toda a sua beleza de ressuscitado; nenhum dos Apóstolos teve a felicidade de vê-LO tão belo quanto Maria. O olhar da alma está em proporção com sua santidade. Maria penetrou, de certo, na beleza interior de Jesus, na perfeição de seu amor, na sua felicidade; deve ter contemplado, nesse momento, a glória da Divindade, pois que, segundo afirmam os teólogos, foi algumas vezes sublimada ao face a face com Deus. Nosso Senhor se entreteve com sua Mãe mostrando-lhe seus membros traspassados pelos cravos, esses membros que Ela beijara com tantas lágrimas, na descida da cruz, e agora resplandecentes. Das chagas das mãos e dos pés jorravam torrentes de luz, pois que, quanto mais haviam eles sofrido, tanto mais estavam glorificados. Maria deve os ter beijado em transportes de amor, sentindo o influxo das ondas de graça que emanavam deles; deve ter visto o Sagrado Coração de Jesus através da chaga do lado. Sim, Nosso Senhor lhe mostrou de certo o seu Coração agora reanimado, palpitante de vida, irradiando chamas de amor. Oh! e Maria O osculou com santa ternura; se São João, somente por haver reclinado a cabeça sobre esse Coração divino , oculto no corpo e sob as vestes, recebeu tantas graças, que terá sucedido a Maria, que O abraçou e beijou palpitando ao contado de seus lábios? E a SSma. Virgem compreendeu nessa hora, melhor ainda, quanto o sofrimento e a glória, a morte e a vida, estão intimamente relacionados nos desígnios de Deus.

II. Mas Nosso Senhor, ao visitar Maria, não veio só: estava acompanhado do cortejo de todos os santos ressuscitados com Ele, de todos os patriarcas desde Adão até São José e o bom ladrão; vieram todos com o Rei triunfante, saudar sua Rainha. Adão e Eva, aos quais Deus prometera essa filha, essa Mãe do Messias Salvador, devem ter se prostrado aos seus pés, porquanto, depois de Nosso Senhor, Lhe deviam a graça do perdão; foi Ela quem lhes deu o Libertador. E às felicitações dos santos da antiga Lei, que lhe manifestavam sua gratidão por lhes ter dado um Salvador, Maria respondia com certeza: Magnificat — Minha alma glorifica ao Senhor porque Ele olhou a humildade de sua serva. E São José, São Joaquim e Sant’Ana, por acaso não vieram também fazer uma visita a tão celestial esposa e preclara Filha? A vista de Maria deve ter cumulado estes santos de um imenso júbilo: era um reflexo tão puro da luz de seu Jesus!
Finalmente, Nosso Senhor se separou de sua Mãe, deixando-A inefavelmente consolada e toda embalsamada pelo perfume de sua Divina Presença, para ir se manifestar à Madalena e aos Apóstolos. Mas, antes da Ascensão, é de crer que Ele tenha voltado várias vezes para visitar a Santíssima Virgem, recordando com Ela todos os acontecimentos, alegrias e dores de sua vida mortal!

III. Do silêncio dos Evangelistas acerca desta aparição e de todo o restante da vida de Maria devemos colher um precioso incentivo.
Depois de ter dado Jesus ao mundo, Maria se ocultou: era mister que ficasse na penumbra, a fim de se tornar o modelo das almas interiores e a padroeira da vida humilde e escondida. Após a Ressurreição de seu Filho, a sua missão é toda de amor e de oração. Nosso Senhor parece ter querido reservar para si o segredo da vida de sua Mãe; quis que Ela pertencesse unicamente a Ele.
Além desta, há uma outra razão. No Sacramento, Jesus se ocultara ainda mais do que durante sua vida mortal, e Maria devia imitar esse estado, partilhar esse aniquilamento, essa vida escondida, que é a mais perfeita. Assim como Jesus se privava da palavra, do movimento e da ação sensível, no Sacramento. Maria não devia mais falar nem aparecer ao mundo, e porque Jesus se fizera prisioneiro, silencioso, Ela se consagrou a Lhe fazer companhia, no segredo de uma vida toda de oração. Sem esse estado da Santíssima Virgem, nós, adoradores da Eucaristia, não poderíamos encontrar n'Ela o nosso modelo. Maria porém, guardiã e Serva desconhecida do Santíssimo Sacramento, é nossa Mãe, e sua vida é nossa graça.
Assim como a luz e o calor do sol vão crescendo sempre até que ele chegue ao seu zênite, Maria se aperfeiçoava cada dia mais. Seus últimos anos foram impregnados de um amor tão dilatado, tão profundo e tão elevado, que não podemos fazer dele a menor ideia.
A Ressurreição de seu Filho realizou na vida de Maria o prodígio de sepultá-la, transformando-a na vida ressuscitada de Jesus, vida toda interior, invisível, separada de todo o criado e unidade ininterruptamente a Deus. Imitai nisto a vossa Mãe; lembrai-vos de que, quanto mais interior, mais perfeita é a vida, e que o fogo concentrado se conserva, enquanto que, exposto, extingue-se depressa. Poucas são as almas que resolvem abraçar essa vida aniquilada, porque ela constitui a imolação suprema do amor próprio; é, porém, a partilha daquelas que, a exemplo de Maria, só desejam amar a Nosso Senhor e só d'Ele serem conhecidas.

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O Céu conquistado por uma Santa Missa em honra de Maria

Um famoso salteador jejuou um certo sábado e mandou celebrar uma vez o Santo Sacrifício em honra de Maria, a fim de obter sua conversão na hora da morte.
Vede até que ponto chega a misericórdia desta boa Mãe! Dignou-se aparecer a esse miserável dizendo-lhe que rogara a Jesus por sua salvação, e que seu Filho lhe prometera fazê-lo pronunciar cinco palavras de arrependimento que o salvariam. Pouco tempo depois, o malfeitor foi preso e condenado à forca. Maria, porém velava sobre ele, lembrando-se da Missa que fizera celebrar em sua honra, Assim, no momento em que o conduziam ao suplício, obteve Ela que Nosso Senhor lhe infundisse tanta contrição, que pronunciou com uma verdadeira dor estas palavras:
"Domine, propitius esto mihi peccatori: Senhor, sede propício a este pobre pecador". E lhe foi concedido o perdão total de seus crimes e a salvação eterna de sua alma.
(Nicolau Laghi, trat. VI, c. LXXVIII).

PRÁTICA — Em união a Maria, viver da vida ressuscitada do Jesus no Santíssimo Sacramento.

JACULATÓRIA — Salve, ó Maria, urna de ouro puríssimo, que encerrais a própria doçura, Jesus-Hóstia, o maná de nossas almas!

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Oração Final

Ó Virgem Imaculada, Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, que durante os anos que vivestes depois da Ascensão, fostes modelo perfeito de serviço à Divina Eucaristia: Vós que passáveis diante de Jesus Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos no Altar e inspirai-nos visitar frequentemente o SSmo. Sacramento no qual Jesus fica conosco para dirigir-nos, consolar-nos, proteger-nos e receber em troca as homenagens que Lhe são devidas por tantos títulos.
Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos adoradores da Eucaristia, já que sois a Medianeira das graças do Altíssimo, concedei-nos como fruto deste piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos indignos do serviço de vosso Divino Filho, obter-nos-ão a vida eterna.  Assim seja.
Nossa Senhora do SSmo. Sacramento, rogai por Nós.


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Excertos do livro: Mês de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento extraídas dos escritos do Bem-Aventurado(*) Pedro Julião Eymard, o fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, 1946
(*) Sua canonização se deu em dezembro de 1962