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Capítulo XXIV - A hora bela

CENTELHAS EUCARÍSTICAS
 PEQUENA COLEÇÃO
DE
Pensamentos e afetos devotos
a
JESUS SACRAMENTADO


XXIV
A hora bela
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JESUS no Tabernáculo, e uma alma trasbordante de culpas genuflexa diante do altar... Que contraste! Quem não conhece a Jesus, ao vê-lo defronte de uma alma pecadora, desejaria pôr-se no meio deles e separá-los para sempre... Ah! Como Jesus é mal compreendido! E pensar que as horas mais belas são aquelas que Jesus passa a trabalhar com a graça sobre as almas extraviadas!
Ou esquecer o Evangelho, ou admitir que Jesus se alegra mais com a contrição duma alma pecadora que com a perseverança de cem justos. Quantos se figuram Jesus muito diverso do que se mostra no Evangelho! Que Jesus esteja cercado no Tabernáculo de almas puras, belas, inocentes, santas... Está bem; mas que se veja assediado de almas dolentes e arrependidas, está ainda melhor. Afinal, não veio Jesus à terra à procura de anjos, que de anjos tinha Ele cheio o Paraíso; mas veio à procura de pecadores, veio morrer pela salvação de todos eles, e todas as vezes que pode apertar ao coração uma alma arrependida, Ele está em festa, e sobre a terra passa uma hora de Paraíso.
Suponhamos uma alma, que tenha perdido a inocência ainda antes de conhecê-la, e que, depois, por longos anos não tenha feito, senão pecar, e sempre pecar; e que, confessada e absolvida, se prostre agora diante do Tabernáculo a chorar, a humilhar-se, e a amar a Jesus com aquele pouco de coração, que ainda lhe resta... Eis um quadro não apreciado ainda pela ignorância evangélica de alguns cristãos, e que, todavia, reveste uma beleza que torna extático o Paraíso. Jesus com uma alma arrependida! Uma alma que ora com as lágrimas, com as palpitações dum coração dilacerado pela dor; que ousa beijar não só os pés, mas o lado gotejante de Jesus; que espera dispor-se a recebê-lo dentro de si mesma, para dizer-lhe que é sua, toda sua, eternamente sua... E Jesus, que não cessou jamais de ser Jesus, Jesus recolhendo uma a uma aquelas lágrimas, como se fossem gemas do Paraíso, Jesus abrindo o seu peito e deixando cair do coração um fiozinho de sangue sobre aquela alma a orvalhá-la, a purificá-la, a refrigerá-la, a penetrá-la toda, a irisá-la de graça e beleza sobrenatural... Quem, vendo esta cena inefável, não se comove, não louva e bendiz as misericórdias do Senhor, compreende bem pouco as grandezas do Coração de Jesus... E se, por acaso, se encontrasse em casa de Simão fariseu, seria digno talvez de sentar-se à mesa defronte de Jesus, mas não de beijar-lhe os pés e banhá-los de pranto..
Quando Jesus entrava em Jerusalém entre uma multidão delirante ou os hosanas de um povo entusiasta... Ele chorava; mas quando a Madalena chorava de dor a seus pés... O seu coração triunfava e Ele era feliz.

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